domingo, 19 de dezembro de 2010

Entenda sobre a suplementação pedida pela prefeitura em 15/12


“Está sepultado o verão de São João da Barra”. A frase contundente é do radialista Emilson Amaral, da Rádio Barra FM, que ontem à tarde acompanhou na praça, em frente à Câmara de São João da Barra e da Prefeitura, a votação da suplementação ao Orçamento Municipal, que previa um total de R$ 7 milhões para a realização de shows, eventos esportivos, colônia de férias, cursos, educação ambiental e outras atividades. Com isso o município perde aproximadamente R$ 50 milhões em capital circulante e pelo menos três mil empregos temporários.
Cerca de 200 pessoas, entre músicos, empresários de diversos setores, como restaurantes, pousadas e outros; ambulantes, artesãos, jovens e representantes de associações se aglomeravam na praça, enquanto o plenário da Câmara, lotado, acomodava aproximadamente 80 assistentes. A decisão da Câmara, por cinco votos, de reduzir a suplementação solicitada pelo Executivo, de R$ 7 milhões para R$ 600 mil, inviabilizou a realização da programação de verão e causou revolta na bancada da situação, que se retirou do plenário a pedido do vereador Aluizio Siqueira, líder do governo.
Após a sessão, de um carro de som estacionado em frente à Prefeitura, dezenas de trabalhadores manifestaram sua indignação pela decisão dos vereadores que compõe o grupo conhecido como G-5. Por causa da manifestação, o presidente da Câmara, Alexandre Rosa, pediu reforço policial para deixar o prédio do Legislativo. Enquanto o motorista jogava o carro sobre populares, um dos seguranças particulares contratados pela Câmara ameaçava o Diretor de Jornalismo da Secretaria de Comunicação da Prefeitura, Bruno Costa, que fotografava a manifestação.
Poucos minutos após a decisão da Câmara, já se organizava um movimento intitulado “São João da Barra não pode parar”, em represália à decisão dos vereadores. A Associação dos Ambulantes convocou os trabalhadores a fecharem a BR-356, na manhã desta sexta-feira, dia 17, a partir das 7h, na altura da curva de Grussaí. A Ajovens – Associação de Jovens Sanjoanenses e o líder do governo, Aluizio Siqueira, convocaram a população a sair de luto, nesta sexta-feira. Pequenos e microempresários iniciaram a convocação para que outros empresários, autônomos e profissionais liberais aderissem ao Movimento e fossem para frente da pousada do vereador Alexandre Rosa.
Os efeitos da aprovação de uma suplementação orçamentária de R$ 600 mil, contra um pedido de R$ 7 milhões, feito pela Prefeitura, que possui R$ 120 milhões em caixa, foram imediatos. O empresário Robson Ribeiro dos Santos, da empresa Talimaq, vencedora do pregão para colocação de geradores, anunciou a necessidade de dar Aviso Prévio a pelo menos 12 trabalhadores que vinham sendo treinados para operar os equipamentos durante a temporada. Já o empresário Carlos Augusto Gomes, das empresas Tela Viva e Tech 21, disse que “jamais viu uma situação como essa em São João da Barra”:
- Isso é um absurdo. Ainda não sei como ficará a situação na minha empresa, mas a preocupação é com o pequeno, é com aqueles que investiram e fizeram dívidas esperando faturar no verão. Há pessoas que compraram carrinho de cachorro quente e fizeram estoque esperando a temporada, pessoas que se endividaram e hoje não têm perspectiva nenhuma. Os ambulantes calcularam que faturaram mais de R$ 1 milhão no verão passado, só com os shows no Balneário. Agora perderam tudo, disse Carlos Augusto.
Secretário de Turismo no governo de Betinho Dauaire, João Ferreira, da Banda TB-6, disse que apesar de adversária política do ex-prefeito, Carla Machado, quando foi presidente do Legislativo jamais tentou inviabilizar o governo e nunca mexeu nas verbas de custeio da máquina. “A disputa era limpa, política. Éramos adversários, não inimigos”, afirmou. Emilson Amaral, comunicador de rádio que comanda um programa todos os dias pela manhã, ressaltou que a intenção do G-5 é “cassar a prefeita Carla Machado”. “Eles tentaram armar uma arapuca, aprovando apenas uma parte da dotação necessária para contratar os shows. Depois, eles poderiam não aprovar o restante e ela seria acusada de improbidade administrativa por fazer despesa sem ter o montante empenhado”, explicou.
A necessidade de suplementação orçamentária para realização do verão de São João da Barra, um dos mais concorridos do litoral fluminense se deu por conta da arrecadação menor que o previsto, este ano. Com um orçamento estipulado em R$ 350 milhões, a Prefeitura fechará o ano com R$ 250 milhões arrecadados, em razão da redução dos royalties do petróleo. “Por conta disso houve necessidade de remanejamento de verbas, de um setor para o outro”, explicou a coordenadora de Auditoria e Controle Interno, Jacqueline Bellieny.
Com base em pedido feito pelos vereadores do G-5, o secretário de Turismo, Márcio Soares, e o subsecretário de Esporte e Lazer, Adilson Almeida, enviaram à Câmara o detalhamento das despesas, inclusive os shows reservados, com os respectivos valores de cada um deles. Na relação, constavam nomes como Michel Teló, que faria o reveillon em Grussaí e fecharia o verão no Açu, e Rodriguinho, que faria a virada do ano, no Açu; Alcione, que abriria o Balneário, seguida de nomes como Arlindo Cruz, Milton Nascimento, Emílio Santiago, Jota Quest e Fagner; Pixote abriria a arena de Grussaí. Nos finais de semana seguintes, haveria Parangolé, Psirico, Fernando e Sorocaba, Banda Eva, Babado Novo, Daniela Mercury e Cláudia Leite, dentre outros.
Dezenas de amigos e eleitores dos cinco vereadores que compõe o G-5 manifestaram sua indignação com a tentativa de emparedar o governo. Emocionado, Renato Machado, presidente da Associação Comunitária A Voz de São João da Barra, detentora da concessão da Rádio Comunitária Barra FM, se disse decepcionado com a atuação do presidente da Câmara e seu amigo pessoal e dos quatro vereadores: “o que está sendo feita com a população de São João da Barra é uma covardia”, desabafou.
Ao final da sessão, o presidente da Câmara, Alexandre Rosa, disse que com os R$ 600 mil aprovados, atenderia ao verão. Durante a semana, na apreciação do orçamento para 2011, o G-5 aprovou 27 emendas, retalhando o orçamento de R$ 360 milhões, com redução da dotação da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, de R$ 25 milhões para R$ 14,5 milhões, num total de 57,72%. Já o orçamento da Comunicação, foi reduzido de R$ 12,9 milhões, para R$ R$ 2,9 milhões, redução de 77,15%. Em tom de deboche, Rosa disse que após o verão, a Prefeitura deveria prestar contas solicitando mais recursos para a realização da Festa da Penha. “Quando prestarem contas da Festa da Penha a gente aprova a dotação para o Circuito Junino”, concluiu.

Um comentário:

  1. Parabés Carla Machado por devolver ao G5 o problema que ELES criaram. DERAM UM TIRO NO PRÓPRIO PÉ. Quero ver se eles vão ter mais futuro político em São João da Barra.

    Por outro lado o povo de São João é animado, criativo e quem gosta daí não vai deixar de ir porque não vai ter shows. Obviamente que a arrecadação vai cair, mas esperando e torcendo para que a proporção não seja tão grande.

    Povo de São João já que não tem dinheiro, vamos colocar a criatividade para funcionar e tentar salvar parte da economia local que depende disto. É hora de união do povo em busca de uma solução, união até dos que votaram no G5 e estão agora revoltados com a atitude deles.

    Sucesso São João da Barra!!!

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